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  • A marca nº1 dos Portugueses

  • 30 de Outubro, 2020

    DOÇURAS E TRAVESSEIROS: 3 CONTOS DE HALLOWEEN PARA CRIANÇAS

    Uma brincadeira que ia correndo mal

    A Márcia era uma menina que tinha muito medo da Lua. Já era assim desde sempre. Quando se deitava na cama, puxava os lençóis e ajeitava a almofada, demorava muito a adormecer com medo.

    Hoje era Halloween e a Márcia queria sair de casa para ir brincar com os seus amigos, todos mascarados. Mas tinha muito medo, porque estava lua cheia. Mesmo assim, acabou por ir e juntou-se aos seus companheiros.

    De repente, uma coisa muito assustadora aconteceu. A Lua cresceu ainda mais e dela saíram 2 olhos esbugalhados cheios de sangue, uns dentes podres muito afiados e uns cornos. A Márcia quase desmaiou. Desatou a correr para casa, aos gritos. Mas não adiantou. A Lua soltou um riso maquiavélico, soltou os trovões e ZÁS! Apanhou a Márcia com 2 dedos, ergeu-a no céu, olhou para ela muito séria e disse: “Márcia, Marcinha, chegou a hora da ceia e tu vais ser a minha comidinha!”

    A Márcia tremia assustada e chorava muito. A Lua, surpreendida com o susto que tinha pregado, pensou que talvez tivesse exagerado. Lá relaxou um pouco e disse: “Desculpa Márcia! Não tenhas medo, porque eu não sou má nem te vou comer. Como hoje é noite de Halloween, eu também me queria mascarar como vocês. Mas não te assustes comigo. Eu só quero dar luz à noite, quando tu estás na tua cama a dormir”.

    A lua soltou então a Márcia. Deu-lhe um sorriso e despediu-se. Quando chegou à cama, o colchão parecia-lhe muito mais fofo, o edredon muito mais quentinho e a almofada muito mais confortável. Porquê? Porque nesse dia percebeu que nunca mais iria ter medo da Lua e que ela nunca lhe iria fazer mal. Desde então, antes de se deitar, a Márcia olha pela janela e despede-se da Lua com um grande sorriso.

     

     Um conto de almofada

     

    Numa pequena terra, sempre que era noite de Halloween, toda a gente ia para a cama mais cedo. Ninguém se atrevia a sair à rua. Os mais atrevidos espreitavam atrás das cortinas, mas sempre que imaginavam uma silhueta de bruxa a voar na sua vassoura no escuro da noite, corriam para a cama para se esconderem. Tapavam-se com suaves lençóis e quentes edredons até aquela sinistra imagem desaparecer.

     

    Mas na última noite de Halloween, uma criança quis enfrentar o medo que todos sentiam. Saiu de casa, e foi atrás da bruxa na vassoura voadora. Percorreu todos os caminhos e espreitou para todas as casas. mas não encontrou nada. Não havia luz em casa nenhuma.

     

    Prestes a desistir, viu ao longe, no cimo de um monte, uma pequena casa que transbordava luz de todas as cores imagináveis. Curiosa, pé ante pé, foi até lá. Mal se aproximou da janela para espreitar, abriu os olhos de espanto.

     

    A bruxa má de que toda a gente falava, afinal era uma fada boa que sempre que saía na noite de Halloween entrava no quarto de todas as crianças e deixava debaixo das almofadas lindas cartas cheias de sonhos para que cada menino ou menina pudesse realizar, permitindo assim que a magia permanecesse em todas as noites de Halloween.

     

    A incrível história do monstro Osvaldo

    Osvaldo era um monstro com currículo. Já tinha assustado em tantos sítios e sempre com sucesso. Não foram raras as vezes em que as velhinhas deixavam cair a placa quando ouviam o seu Buuuuh ou as crianças que, ao verem os seus três enormes olhos vermelhos e os seus dentes pontiagudos e desorganizados ao longo de toda a boca, começavam a chorar sem nunca mais parar. Não foi por acaso que foi eleito Melhor Monstro nos últimos cinco anos. Osvaldo, o Terrível… Osvaldo, o Rei dos monstros… Osvaldo, o Senhor susto… e tantos outros que lhe chamavam, por respeito. 

    Um dia de manhã, tinha acabado de comer uma torrada de minhocas quando recebeu uma mensagem do Departamento dos Monstros: 

    – Olá, Osvaldo! Estamos muito satisfeitos com o teu trabalho e temos uma missão nova para ti. A Matilde acabou de fazer cinco anos e está na altura de apanhar um belo susto. Alguém melhor do que tu para o fazer? – respirou fundo, entusiasmado pelo novo desafio. 

    A sua técnica era muito simples: escondia-se debaixo da cama e quando o relógio apontava para a meia noite, ele saía sem fazer barulho e tocava duas vezes no ombro da sua vítima. Quando ela acordava e olhava para ele, colocava a língua de fora, os seus olhos agigantavam-se e andavam em círculos e a sua voz rouca pronunciava um terrível e violento Buuuuuuuuuhdigno dos piores pesadelos. Nunca falhava. 

    Debaixo da cama e com os olhos postos no relógio que marcava as vinte e três e cinquenta e nove, preparava-se para o seu grande susto, embalado pelo respirar profundo do sono tranquilo de Matilde. Os segundos passavam e o momento que se aproximava, finalmente chegou. Era agora! Saiu sorrateiramente do seu esconderijo e já com o dedo esticado para acordar a menina que dormia descansada, viu na mesa de cabeceira duas bolachas que lhe pareceram muito apetitosas. Comeu a primeira. Que deliciosa! Impossível não comer a segunda. E foi o que fez. De barriga cheia, só lhe apetecia dormir. Pensou: 

    – Hum! Vou fazer uma valente soneca e deixo este susto para amanhã. 

    No dia seguinte, à meia noite, completamente pronto… voltou a ver o mesmo prato ao lado da cama com o mesmo número de bolachas. Não sabia o que fazer. Estava num impasse. Pregar um terrível susto à Matilde ou comer aquelas duas bolachas que pareciam ainda mais saborosas que as do dia anterior? Susto ou bolachas? Susto ou bolachas? Susto ou bolachas? Hum… Bolachas? Bolachas e logo a seguir um bom soninho. 

    No dia seguinte, voltou a comer as bolachas. No dia seguinte ao dia seguinte, voltou a comer as bolachas. Bolachas, bolachas, bolachas! Tantas que comeu que a meia noite passou a ser a hora do lanchinho. E a sua barriga crescia e crescia… de uma forma muito assustadora. Até ao dia em que estava tão grande que já não cabia debaixo da cama. Pensou: 

    – Hum… E se eu me deitar em cima da cama? Há ali muito espaço e parece tão confortável.

    Ressonava satisfeito agarrado a duas almofadas quando Matilde acordou e ficou a ver o monstro dormir. Primeiro, achou que era um dos seus ursos de peluche, mas rapidamente concluiu que nenhum era assim tão feio. Então, decidiu acordá-lo. Aproximou-se sem fazer barulho, esticou o dedo indicador e encostou-o uma vez ao ombro do dorminhoco. Não resultou. Voltou a encostar o dedo. Osvaldo abriu um olho e depois o outro. Matilde pôs a língua de fora, abriu muito os olhos e soltou um grito feroz, como se fosse um leão. O monstro fugiu, com as pernas a tremer, a correr sem olhar para trás e a gritar:

    – Eu quero a minha mãe! Eu quero a minha mãe!

    A partir desse dia, Osvaldo deixou de assustar e foi trabalhar para uma padaria.